junho 11, 2008

Com final, confinada.

" E o dia começara...
Ainda portava os olhos inchados da noite anterior, dos dias que íam seguindo.
À noite passou a roubar-lhe o sono.
Pedia um conselho às estrelas e desejava um abraço da lua.
Remetia-se repentinamente ao tempo da inocência, onde os sentimentos nem sequer doíam.
Girava pela sala e cantava só. Inventava um passo. Gostava de sentir a vibração de sua própria voz e estar com ela mesma, vez em quando.
A escrita é a representação de uma fase, como a tatuagem desenhada no corpo.
Ao entardecer costumava parar no quintal e admirava as roupas estendidas no varal. Não entendia o porquê disso tudo, mas a fazia lembrar de algo terno, com cheiro de felicidade, algo onde esteve ou onde vai estar.
Sentia que sentia a falta da falta. Lacuna espaçada.
Quando criança tinha oito filhos imaginários que compunham sua infância, faziam-na companhia. Os bonecos também tinham vida para ela. Adotou até um inseto e passou a observá-lo. Mal de único filho. Não se sabe.
Lembrou-se de uma casa não acabada e do sol se pondo por detrás.
O rio da água azul.
Espelho d'água que leva embora as mágoas.
Desejava penetrar numa nuvem branca do céu.
Lastimou o gosto da amargura por àqueles que não sabem sorrir.
Conversou com a inquietude e pediu para ela partir.
Rogou à paz e à pureza dos atos e pensamentos para que ficassem mais um pouco, mais um pouco e mais um pouco..."

CX.
11/06/08